quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Lançado livro com depoimentos de militantes históricos da esquerda brasileira


Foi lançado ontem(09/09) na Casa do Bancário o livro Muitos Caminhos, uma Estrela: Memórias de Militantes do PT registra depoimentos de militantes históricos e fundadores do partido e da esquerda brasileira. Primeiro volume traz as memórias de Olívio Dutra, Raul Pont, Apolonio de Carvalho e Antonio Candido, entre outros. O Ver. Marcelo Danéris prestigiou o lançamento que contou também com as presenças de Olívio Dutra, Raul Pont e Flávio Koutzii.

Esse primeiro volume, reunindo 12 depoimentos, oferece um importante instrumento de reflexão sobre as origens e a trajetória de construção do PT. Mais que isso, a riqueza das biografias dos entrevistados constitui também um painel altamente representativo das transformações econômicas, sociais, políticas e culturais vividas pelo Brasil ao longo do século XX, particularmente na sua segunda metade.

O livro resulta dos trabalhos desenvolvidos na primeira fase do Projeto de História Oral do PT, uma parceria estabelecida desde 2004 entre o Centro Sérgio Buarque de Holanda – Documentação, Memória e Política, da Fundação Perseu Abramo, e o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV).

Gaúcho de Bossoroca, Olívio Dutra conta de sua infância e adolescência, da militância estudantil e principalmente de suas experiências como líder do sindicato dos bancários de Porto Alegre, quando foi preso pela ditadura, e das conquistas da prefeitura de Porto Alegre e do governo do Rio Grande do Sul, além de sua passagem pelo Ministério das Cidades.

Raul Pont, por sua vez, gaúcho de Uruguaiana, fala de sua militância no POC – Partido Operário Comunista, de como foi preso pela Operação Bandeirantes, conta da fundação do PT, da sua militância na DS – Democracia Socialista, tendência interna do partido, de sua experiência como prefeito de Porto Alegre e deputado estadual, e faz uma reflexão sobre a crise que abalou o PT em 2005.

São 12 histórias muito distintas, tanto em suas origens como em suas inserções atuais. Há os militantes mais antigos, que tiveram significativa atuação política antes do golpe de 1964 – Apolonio de Carvalho, Antonio Candido e Manoel da Conceição; há os líderes sindicais de diferentes categorias profissionais – Djalma Bom, Olívio Dutra, Luiz Dulci, Paulo Rocha e Avelino Ganzer; há os militantes de organizações clandestinas criadas após o golpe de 1964, casos de Hamilton Pereira e Raul Pont; e, por fim, Irma Passoni e Benedita da Silva fecham a lista, representando as mulheres vinculadas a movimentos populares, com trajetórias fortemente marcadas pela experiência católica e evangélica, respectivamente.

Mais dois volumes serão editados com as entrevistas dos demais militantes. Entre os entrevistados estão militantes como Marilena Chauí, Marina Silva, Hélio Bicudo, Vladimir Palmeira, Marco Aurélio Garcia e Tarso Genro. O projeto também prevê a produção de um acervo reunindo o conjunto das versões integrais dos depoimentos (gravações e transcrições), que será catalogado e colocado à disposição de pesquisadores no Centro Sérgio Buarque de Holanda-FPA e no CPDOC-FGV.

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